Maternar

QUANDO O AMOR CHEGA MAIS CEDO

Pensei no quarto…


Pensei na bolsa de maternidade…


Pensei no chá de bebê…


Pensei até quando iria deixar o bebê dormir no quarto comigo…


Pensei como iria organizar o retorno ao trabalho..


Pensei como seria nossos primeiros dias em casa após o nascimento…


Pensei no carrinho…


Pensei na saída de maternidade…


Pensei na banheira…

Pensei nos padrinhos…


Mas definitivamente não pensei que meu primeiro toque em minha filha seria por uma janela de incubadora…


Não pensei que teria que atravessar um hospital 5 vezes por dia ainda com todos os pontos de uma cesárea para conseguir olhar para ela por alguns minutos…


Não pensei que ficaria sem saber como foi a noite dela, se dormiu, e pior: se sobreviveu…


Não pensei que o leite seria “exprimido” dentro de um copinho e passado por uma sonda…


Não pensei que sairia todas as vezes do hospital me sentindo vazia sem a minha filha nos braços…


Não pude escolher quem deu o primeiro banho, na verdade eu não sei quando e quem deu o primeiro banho…


Não pude escolher quem aconchegou minha filha quando ela chorava, mas torcia para ser plantão de alguém que eu confiava…


Não pude escolher se iria enrolar ela para dormir, tampouco aonde ela iria dormir, mas torcia todos os dias para que não fosse mais dentro de uma “caixinha de plástico”…

aquele serzinho tão frágil se torna tão forte… prematuros lutam dia após dia para vir para nosso colo, para permanecer conosco.


a prematuridade nos faz conhecer milagres, o milagre do sorriso, milagre do olhar, do toque e principalmente o milagre da vida!


Acredito que todos os pais se emocionam com os gesto cotidianos do seu filho, mas pais de prematuro veem o milagre em cada pequena conquista, os sentimentos se intensificam o vício que tínhamos no aparelho que monitorava eles na UTI se transforma no “vício” de olhar para eles e agradecer.


Ainda que por algum tempo o som de uma UTI nos acorde a noite, o sorriso de gratidão invade nosso rosto quando percebemos que o som ao nosso lado é de um resmungo.


Um filho prematuro vive tudo aquilo que jamais pensamos ou desejaríamos que ele vivesse, ele nos faz forte, nos faz ser mais gratas, fortalece a nossa fé, ele nos transforma!

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