Com 29 semanas em um ultrassom de rotina foi detectado uma restrição de crescimento, minha médica disse que iria interromper a gestação, Alice estava com 850g, entrei em desespero.
Minha obstetra optou por me encaminhar à maternidade e lá me internaram para monitorar através de ultrassons e cardiotocografia diários, assim verificar o melhor momento de realizar a cesárea.
A princípio não passaria de 3 dias, ao longo dos dias tive uma melhora nos parâmetros da resistência da artéria, no entanto Alice continuava centralizada e assim foi um dia angustiante de cada vez, chorava escondida todos os dias.
Com 33 semanas e 4 dias, no ultrassom foi identificado que nas últimas 2 semanas ela não tinha ganhado nada de peso e meu líquido aminiótico havia diminuído.
Com isso entrei no sistema de vaga de UTI para a pequena, mas naquela noite uma colega de quarto convulsionou, desci correndo chamar a enfermagem e 3h depois entrei em trabalho de parto.
Fui para o Centro Obstétrico, por sorte minha médica (maravilhosa) estava de plantão, lá foi uma corrida contra o tempo, minha filha não poderia nascer de parto normal e necessitava de UTI imediatamente.
5h depois Alice nasceu, não ouvi o choro, depois soube que ela teve que ser reanimada, nasceu com 1,040kg, e 37cm.
Na UTI ficou 21 dias entubada, dias em que entrava secreção no tubo e ela tinha dificuldade para respirar, se debatia até aspirarem e eu entrava em desespero.
Foram 7 dias no CPAP que chorava dia e noite devido ao desconforto do aparelho, 1 dia no halo; teve pneumonia, icterícia, inchou 500gr o que a deixou irreconhecível e eu sem conseguir parar de chorar por medo.
Realizaram ultrassom da cabecinha por suspeita de hidrocefalia, do abdômen por suspeita de enterocolite, graças a Deus não teve nenhuma dessas doenças; teve um sopro que se resolveu enquanto estava lá e fez 3 transfusões de sangue.
Ficamos mais 16 dias no berçário para ganho de peso. E depois de 77 dias no hospital (32 na barriga e 45 entre UTI e berçário) viemos pra casa e desde então não teve mais nenhuma alteração de saúde.
Ser mãe de bebê prematuro é ressignificar toda a existência, ainda choro todos os dias, mas de amor e gratidão pela vida da Alice.
Me tornei tão forte quanto jamais fui e com uma fé que jamais tive!